Gleydson: Sua falta

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sua falta

Eu queria escrever sobre pássaros
Sobre o por do sol,
Sobre o mar,
Sobre teorias matemáticas,
Sobre revolucionárias idéias.
Sobre um amor correspondido.
Queria escrever sobre as pessoas
Sobre famílias,
Sobre cães e gatos,
Sobre águias e ratos.
Queria escrever sobre musica,
Sobre instrumentos de percussão, ou de sopro,
Sobre o coqueiro, sobre a mangueira e sobre a ateira.
Sobre meus pés-de-jacama,
Sobre meus jardins da frente 
ou sobre meus jardins de trás,
Sobre folhas secas, verdes, brancas, amarelas, novas.
Mas só consigo escrever sobre uma flor! Não, não! A flor!
Sobre a linda flor, chamada de rosa.
Que antes tarde, antes cedo,
Muito tarde, muito cedo,
Já não é mais do meu canteiro!
Hoje não sei qual o dono da sua habitação!
Só Sei que Sua beleza já não embeleza meu jardim.
Seu cheiro não graceja mais ali.
O meu madrugar diário para encontrá-la,
E regá-la com todo o meu amor não existe mais.
Já na levanto mais tão cedo.
Talvez eu saiba o porquê ela foi tirada de lá.
Talvez não saiba.
Talvez eu saiba o que nos separou,
talvez não saiba, mas vou chamá-lo de redoma de vidro.
Na verdade não sei sua definição, só vou chamá-lo assim!
Que amarga ilusão!
Que cruel impotência!
Posso vê-la, mas não tocá-la!
Posso vê-la, mas não sentir mais meu ar invadido por seu cheiro!
Eu já não a escuto mais,
e minhas palavras já não fazem tanta diferença pra ela.
Elas batem nas paredes da redoma e voltam.
Na verdade não sei se já fez alguma vez.
Saudades de seus espinhos.
De suas marcas, das chuvas que peguei para protegê-la,
Na verdade não sei se o que eu sinto é amor, ou paixão,
mas sei da devassidão que sua falta tem feito.

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